02/03/2022
O impacto da invasão da Rússia em terras ucranianas já produz efeito nos campos de produção agrícola do Brasil, já que o país tem relações comerciais com a Rússia.
O Brasil depende da Rússia para o fornecimento de grande parcela das matérias-primas para fertilizantes utilizados em lavouras, como soja e milho, principais grãos de exportação do país.
Do território russo procedem 20% dos nitrogenados, 28% dos potássicos e 15% dos que têm fósforo em sua composição. A soja, principal commodity brasileira, depende de adubos à base de fósforo e de potássio. O milho depende dos nitrogenados.
E para que acha que não há efeito na população, a alta no preço do trigo pode atingir produtos como pão, pizza e macarrão.
O agronegócio brasileiro está em alerta. Levantamento realizado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) a pedido do CNN Brasil Business mostra que os preços pagos pelo agronegócio brasileiro aumentaram até 5,8% em apenas uma semana.
Em dólar, o valor pago pelos fertilizantes derivados de ureia chega a atingir US$ 642 a tonelada. O valor é 5,8% superior aos US$ 607 registrados uma semana antes, em 17 de fevereiro, segundo a CNA.
Os fertilizantes derivados de cloreto de potássio (KCl) tiveram aumento de 1,1% no mesmo período, para US$ 867 a tonelada.
Já os fertilizantes do tipo fosfato monoamônico (MAP) tiveram alta de 0,5%, para US$ 971 a tonelada. A CNA nota que o preço desses insumos já estava em trajetória de alta, e a tendência se intensificou com a escalada dos problemas geopolíticos.
A entidade não relata problemas no fornecimento de fertilizantes. Nesse mercado, a Rússia é o maior exportador mundial (com participação de 13,3%) e a Belarus, o quinto (4,96%). Por outro lado, o Brasil é o maior importador mundial, com cerca de 13% de todo o volume comprado pelo planeta.
Governo manifesta preocupação
O governo brasileiro tem manifestado preocupação com a possibilidade de aumento do preço de fertilizantes diante do cenário de sanções econômicas à Rússia.
Segundo relatos feitos à CNN, o Ministério da Agricultura tem mantido contato desde a manhã desta quinta-feira (24) com exportadores do produto e diplomatas brasileiros para avaliar o impacto do conflito sobre a balança comercial brasileira.
O receio é de que a interrupção das exportações pela Rússia e pela Belarus elevem o preço do produto, prejudicando a safra brasileira deste ano.
Para evitar o cenário de escassez, o governo brasileiro tem discutido aumentar a importação de países como Canadá e Irã, já que não tem atualmente estoque suficiente no país, no entanto, a entidade ainda não relata problemas no fornecimento de fertilizantes no Brasil.
Com a possibilidade da falta de fertilizantes e insumos acende um alerta dizem os especialistas. As sanções impostas a Rússia como a retirada de bancos do sistema internacional do pagamento soft e o congelamento de parte das reservas internacionais podem inviabilizar o embarque de produto russo para o Brasil e até atrasar o desembarque de mercadorias que já estão a caminho do nosso país.
É o maior risco para o Brasil nesse momento, a não garantia da entrega de adubos verdes, produtos que representaram 62% das importações vindas da Rússia em 2021.
De Mônia Ramos com informações de Agências